Aposentado há seis anos, mas completamente ativo no debate sobre questões que assolam o país. Assim segue a vida o delegado federal Jorge Pontes, que ocupou importantes espaços na Polícia Federal, prestou consultoria para a série “O Mecanismo”, da Netflix e, atualmente, escreve, em parceria com o delegado Márcio Anselmo, um livro sobre o crime institucionalizado.
Pontes é referência nas discussões sobre o tema, que ele define como o maior desafio já enfrentado pela Polícia Federal. Segundo ele, o crime institucionalizado é muito diferente, por não ter ideologia. “Outra característica é que ele não é operado pela figura do ‘marginal’ – como no crime organizado, mas sim por atores ‘nucleares’ – ou seja, pessoas que estão no núcleo oficial dos três Poderes da República, com autoridade e legitimidade para tal”, explica.
O delegado frisa que esse tipo de esquema não é de exclusividade da esquerda nem da direita. Para ele, a responsável é uma parte da elite brasileira que se apoderou da política e de grande parte do Estado, devido a uma sequência de governos que a mantém no poder.
Pontes explica que, ao analisar o arcabouço estruturante do crime institucionalizado, é possível observar a existência de operadores que atuam criminosamente em governos de todas matizes ideológicas.
Operação Lava Jato
Desde 2014, a Operação Lava Jato deixou o crime institucionalizado mais evidente. A ação coordenada pela PF investiga crimes de corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, organização criminosa, obstrução da justiça, fraudes em câmbio e recebimento de vantagem indevida, envolvendo grandes empresários e políticos de várias esferas e partidos.
Para o delegado Pontes, a Operação funciona como diagnóstico do problema enfrentado pelo país, além de demonstrar que combatê-lo é um grande desafio. Entretanto, apesar de muito importante, a Lava Jato não resolve o novo estilo criminoso, meticulosamente arquitetado e tecido nos três poderes da República.
“O crime institucionalizado – como diz a expressão – já está internalizado por força de convenções, normas, regras e leis. Inclusive, pela Constituição Federal – seja objetivamente ou na sua interpretação mal-intencionada”, explica.
O Mecanismo
Considerada a maior investigação de corrupção da história do país, a Lava-Jato virou filme, intitulado de “Polícia Federal: a Lei é para todos”, e a série de TV “O Mecanismo”, produzida pelo serviço de streaming, NetFlix, com direção de José Padilha e Elena Soárez.
E consultoria do delegado Pontes. “Fui apresentado ao cineasta José Padilha após a irmã dele, que é minha amiga, ler todos meus artigos sobre o tema”, conta o delegado. “Tenho admiração pelo enorme talento e pela obra do Padilha e compartilhamos diversos pontos no que tange à existência do crime institucionalizado.”
Como consultor, Pontes apresentou aos diretores da série os colegas do Paraná que iniciaram a Operação Lava Jato. “Fomos à Curitiba com roteiristas e no processo de criação, durante as filmagens, sempre que surgia uma dúvida, eles me ligavam.” O delegado vê o resultado final da série – que foi ao ar em março deste ano – como muito positivo.
Mas ressalta que não é um documentário, nem uma cópia fiel dos acontecimentos. “Temos que entender que se trata de uma peça artística, onde o que importa é divertir e entreter o espectador.” E recomenda que a série seja prestigiada pelo público do país. “É um produto para ir ao ar – e ser entendido e absorvido – em 200 países.
Nós brasileiros temos que assistir, ora abstraindo ora reconhecendo certas passagens mostradas na tela. Mas sempre levando em conta que é entretenimento.”, considera Pontes.
Para que a população conheça a fundo o crime institucionalizado, Jorge Pontes e o delegado Márcio Anselmo – um dos precursores da Lava Jato, lançarão um livro.
A obra, prevista para ser lançada em novembro deste ano, diferencia o crime organizado, trata da sua gênese, analisa todos os seus aspectos, enumera suas raízes históricas, suas artimanhas e distrações em relação à Polícia Federal.
Além de apresentar um rol de propostas para combatê-lo com efetividade; elencar os prejuízos causados ao projeto nacional; e contar inúmeras experiências vividas no dia-a-dia dos policiais federais.
“Um dos pontos mais importantes do livro é o trecho onde tecemos considerações sobre a importância do compliance como nova postura e reação ao impacto do fenômeno criminoso nas relações empresariais e no meio ambiente da iniciativa privada do país”, aponta Pontes.
Segundo ele, o crime organizado mina a concorrência e a competitividade; falseia o livre mercado; e tem o poder de destruir reputações de empresas centenárias. “Os dois lados do balcão se comprometem com esse projeto criminoso e quem perde é a sociedade”, conclui.
“Um dos pontos mais importantes do livro é o trecho onde tecemos considerações sobre a importância do compliance como nova postura e reação ao impacto do fenômeno criminoso nas relações empresariais e no meio ambiente da iniciativa privada do país”, aponta Pontes.
O LIVRO
Para que a população conheça a fundo o crime institucionalizado, Jorge Pontes e o delegado Márcio Anselmo – um dos precursores da Lava Jato, lançarão um livro.
A obra, prevista para ser lançada em novembro deste ano, diferencia o crime organizado, trata da sua gênese, analisa todos os seus aspectos, enumera suas raízes históricas, suas artimanhas e distrações em relação à Polícia Federal.
Além de apresentar um rol de propostas para combatê-lo com efetividade; elencar os prejuízos causados ao projeto nacional; e contar inúmeras experiências vividas no dia-a-dia dos policiais federais .
“Um dos pontos mais importantes do livro é o trecho onde tecemos considerações sobre a importância do compliance como nova postura e reação ao impacto do fenômeno criminoso nas relações empresariais e no meio ambiente da iniciativa privada do país”, aponta Pontes.
Segundo ele, o crime organizado mina a concorrência e a competitividade; falseia o livre mercado; e tem o poder de destruir reputações de empresas centenárias. “Os dois lados do balcão se comprometem com esse projeto criminoso e quem perde é a sociedade”, conclui.