Por decisão da diretoria da ADPF, o evento será realizado, a partir de 2020, em estados diferentes
O Simpósio Nacional de Combate à Corrupção se despediu de Salvador (BA) com uma palavra de ordem: autonomia. Durante os dois dias do evento, a independência orçamentária, financeira e administrativa da Polícia Federal foi o principal assunto.
“Os últimos acontecimentos mostram que a PF necessita cada dia mais de autonomia para que tenha liberdade, não sofra nenhum tipo de interferência e consiga fazer o trabalho técnico e republicano”, disse o presidente da ADPF, Edvandir Felix de Paiva, durante o evento.
A afirmação do presidente da associação foi feita em defesa do órgão, após, as vésperas do evento, o presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciar mudanças na direção da PF no Rio de Janeiro e cogitar a troca do diretor-geral, Maurício Valeixo.
Carta de Salvador
Os delegados responderam aos acontecimentos com a “Carta de Salvador”. Em um dos momentos mais marcantes do evento, o presidente da ADPF, Edvandir Paiva, subiu ao palco, acompanhado de 150 delegados federais, para ler o documento.
“A Polícia Federal não deve ficar sujeita a declarações polêmicas em meio a demonstrações de força que possam suscitar instabilidades em um órgão de imensa relevância, cujos integrantes são técnicos, sérios, responsáveis, e conhecedores de sua missão institucional”, diz um trecho da Carta.
Segundo o texto, em outros governos, por diversas ocasiões, a instituição sofreu pressões e tentativas de intervenção e, por isso, diante do que parece ser mais uma delas, se faz necessário e urgente que a Polícia Federal conquiste garantias constitucionais e legais para se tornar, de fato e de direito, uma polícia de Estado.
Novos ares
O evento, que é o maior da ADPF e acontecia todos os anos na capital baiana, vai alçar novos voos e pousar em outros estados. Após ser realizado por quatro anos consecutivos em Salvador, o simpósio passará a ser itinerante. Por decisão da diretoria da ADPF, a cada ano, será realizado em uma unidade da federação diferente.
O anfitrião do simpósio, delegado Rony Silva, diretor da ADPF-BA, se despediu do evento que ajudou a gestar com a sensação de dever cumprido. “Foram quatro anos. Ele já está amadurecido e nós estamos entregando-o para o restante do Brasil”, disse.
Para o delegado, o momento é de comemorar todos os resultados alcançados. “Ao longo desses anos, transferimos conhecimento, valorizamos a Polícia Federal e a própria ADPF. Conseguimos trazer ao evento, grandes nomes do Judiciário como o ministro Sérgio Moro, juiz à época, o ministro Ayres Brito e o ministro Luiz Barroso. E todos sempre valorizaram nossa atuação pela classe”, ressaltou.
O presidente da ADPF, Edvandir Paiva, também enalteceu os resultados dos últimos anos. Segundo ele, depois de quatro edições, o simpósio que, somando, já reuniu milhares de pessoas para discutir o combate à corrupção, despediu-se da capital baiana deixando uma mensagem importante: “A de que a Polícia Federal vai continuar a fazer o seu trabalho acima de qualquer conjuntura ou contingência”, afirmou.